quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Howl: Uma tomada de fôlego

"Uivo" parece o nome perfeito para o poema que marca o nascimento da contracultura, escrito por Allen Ginsberg em 1955, mas publicado somente dois anos depois, após uma briga judicial, por ser considerado obsceno e pornográfico. É a partir desse viés que os documentaristas Rob Epstein e Jaffrey Friedman constroem uma das linhas narrativas do seu filme, na qual o poema "Howl" faz o papel do réu. Ainda aproveitando suas experiências cinematográficas trazem para a cinebiografia a estética do documentário em formato "entrevista", adicionando mais uma importante linha narrativa a película. Também conta com a parceria do desenhista gráfico e cartunista Eric Dooker, que já havia publicado junto com o próprio Ginsberg uma grafic novel intitulada "Poemas ilustrados", a mesma serve de base para as sequencias  animadas do poema que completa a terceira linha narrativa. Essa é a chave experimentalista que contribui para o construção criativa do enredo do filme.

 Howl (2010) nasce do desafio de fazer uma filme sobre um poema,  e tem como plano de fundo a vida de seu autor. Torna-se assim, mais que uma cinebiografia, uma espécie de poética no sentido literário, porém contada em linguagem cinematográfica. O tom poético da narração e o seu rítmica ininterrupta marcam bem o que significa o uivo no contexto da obra: Um "Grito prolongado" ora "lamentoso" ora "furioso" após uma tomada de fôlego. Que nos mostra a liberdade de expressão em sua forma mais pura e instintiva. 

O vemos ainda entre os vários elos que unem as três linhas narrativas principais do filme uma análise literária da obra Howl como um todo, desde seus termos "pornográficos", sua questionada pertinência, sua forma, seu contexto histórico e social até sua importância artística e cultural para toda uma geração. Tudo isso nos instiga a querer devorar o poema assim que o filme termina, pelo menos para quem não o leu. Aos que já o leram, fica uma homenagem a literatura, a arte e a liberdade de expressão. 
Com uma brilhante atuação e belíssima fotografia que mescla o preto e branco e um luxuoso colorido. Howl é um filme americano, mas de linguagem universal por se apoderar da literatura com tamanha profundidade. Por vários motivos vale muito a pena ser visto.


Trailer: 

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