terça-feira, 27 de março de 2012

A ROMPIMENTO E CRIAÇÃO - AS ORIGENS DE UMA GERAÇÃO KÓTICA

 

Dizem que Homero foi o primeiro Grego a escrever sobre a cultura Grega, além de instituir uma interpretação mitologica baseada na poiesis narrativa que definitivamente viria a romper com uma herança oral de seus antepassados. Nesse instante, Homero se institui como o novo educador de seu povo. Entretanto, esta transição não deve ter ocorrido de forma tão simples e muito menos sem alguma dificuldade, pois deve-se sempre para se afirmar uma nova forma de interpretar o mundo, entrar muitas vezes em confronto com ele, haja vista que somente através deste confronte é que uma geração calga outro patamar de evolução cultural e intelectual. Sem rompimento com as antigas amarras não há inovação ou liberdade criativa. As imagens antes sedimentadas na crosta do conformismo devem ceder espaço a nova forma de pensar e acolher o novo em seu tenro bojo, não como inimigo mas como aliado na transmissão de saber e de comunicação. Para isso se faz necessário a formulação de uma nova linguagem que seja a sintese atualizada da decodificação dos novos dados interpretativos que já não conseguem ser entendidos pela geração anterior, neste momento se faz necessário o rompimento, a busca de uma nova linguagem interpretativa que venha a traduzir todo o conhecimento para uma nova forma de reconhecer o mundo e de se possível criticá-lo. 

Neste contexto de entendimento do mundo, surge uma nova geração de individuos que tencionam reinterpretá-lo a luz de uma analise de seu tempo e seu momento. Destituidos de velhas formulas caducas que por terem se mostrado seguras e por conter algum sucesso imediato deixam de nutrir a criatividade e passa a destituí-la e enfraquecê-la em todos os sentidos. A lição que Homero nos trás é do heroi rebelde que mesmo sabendo do seu vaticinio, promulgado pelos lábios das moiras, mesmo assim, vão contra este destino préestabelecido abraçando toda a consequência má que possa vir de encontro a seus atos. Nesse sentido, Homero mostra que a criatividade deve ser o principio (arché) da criatividade e por ela, apenas, deve sua subserviência.

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Esta lição de Homero pode ser interpretada através do presente momento em que vive a Arte Sequêncial norte riograndese. Pois semelhante ao grande autor da Odisseia, nosso tempo exige uma nova postura de interpretação do mundo...nosso mundo seja ele o Estado do Rio Grande do Norte ou de nosso País Brasil, exige uma nova postura diante da cultura e da formação de uma nova estética do mundo. Para o Homem Grego o seu mundo se restringia até os muros limitrofes da Polis, enquanto em um mundo globalizado como o nosso esses limites são mais elásticos e se distendem para muito além das fronteiras do Estado e do País.

Nesse contexto surge aquilo que de uns tempos para cá vem sendo chamado de geração kótica. Mas o que seria esta geração kótica? Talvez o nome derive de caos aquilo que não tem ordem, mas pela terminologia e pela forma simbolica com que se escreve, remete ao caos primordial aquele caldo de ideias que pululavam nos labirintos infinitos da criação que aparentemente incoerentes eram cheios de significados ocultos que logo se mostrariam constituintes do mundo e de todas as coisas. Nesse sentido, o selo Kótica remete a incrivel abrangência de idéias e convite a criatividade estética. formando uma nova proposta de se fazer Arte Sequêncial. Os formentadores dessa liga de idéias são Marcos Guerra, Leander Moura, Paulo Sergio, Cristal, Israel, Sandro pseudoor, Weynna e muitos outros autores e intusiastas que queiram ou não estão ligados a um verdadeiro esfoço sissífico de reinterpretar e decodificar os signos do mundo estético e da cultura de seu tempo. A arte sequêncial é o carro chefe e guia dessa contracultural que cresce subrepticiamente nos porões do Underground do Estado. Não porque tenha mais importãncia do que as outras, mas porque em sua gênese trás este quê de resistência e desafio a todo e qualquer tentativa de limite e de comodismo por parte da cultura de seu tempo. 

A proposta da arte sequêncial  pela geração kótica é estabelecer uma revolução estética em todos os sentidos nessa arte e se possível em todos aqueles que queiram produzir algo diferente e inovador. Seus membros buscam o exercício estético e primam pela originalidade em seus trabalhos. Seus quadrinhos são autorais e buscam falar de coisas profundas do cotidiano ou em suas abordagens  ficcionais e filosóficas. Entender o humano e sua relação consigo mesmo e com o mundo é o grande desafio desses autores, mas existe margem em suas historias para a poesia e para o experimentalismo através de imagens. 

Neste último sabado dia 24 de Março de 2012 tivemos uma amostra dessa atmosfera de revolução estética e cultural. No Lançamento do Evangelho Segundo o Sangue. Com uma plateia curiosa por entender a proposta desta geração "kótica", constatou-se que este impresso é um verdadeiro "sacode" no meio literário e costumeiro deste Estado provincial e que certamente mexeu com os brios de quem esta lendo-o agora. Entretanto, a intenção deste artigo é menos fazer uma resenha do impresso e mais buscar mostrar sua relevância para aqueles que objetivam produzir um quadrinho autoral e teligivel para um publico carente de algo que vá além  da mesmisse dos impressos locais e on line. Busca-se ventilar novas brisas com odor de novidade e criatividade, mostrando que é possível sim, ser imaginátivo e criar algo novo sem necessáriamente perder o prumo e direção no raciocínio. Pois toda arte objetiva necessariamente ser compreendida e não fazer parte de uma forma egoísta e maniqueista do autor que somente ele seja o único a entendê-la e não outros.

Por fim este humilde escritor agradece a todos os envolvidos no evento, mais especialmente ao pessoal da Kótica e  a Livraria Nobel por abrir este espaço para a publicação de literatura autoral e de suma qualidade. Esperamos outros impressos como a também historica HQ A CONDENAVEL VIDA DE GRINSWOOD, acho que é assim que se escreve, caso contrário peço desculpas para os autores por este lapso. Também agradecemos a Weynna Dória por abrilhantar uma noite já tão cheia de estrelas e como uma supernova quase eclipsar nossos olhos com sua simpatia. Igualmente agradeço a Sandro e a todo o público que lá esteve e prestigiou os autores, eles realmente merecem. Gostaria de fazer um apendice aqui e dizer que aguardo ansiosamente o assombroso e inquietante lançamento do Impresso de Sandro Pseudoor, para os meados de dezembro, acho que será uma edição extremamente inquietante e que deve ser lido com um olhar estremamente desinibido de dogmas e preconceitos estéticos. Felicito por fim, a todos estes membros que fazem parte da chmada geração kótica por sua intenção e empenho por mudar um estatus quase estático e imutável de mesmice em termos de arte sequêncial e de cultura em geral. Que seus ventos se transformem em tornado que espalhe a cultura e a mudança por nosso Estado. Ave est Kótica.



Ass;


Renato de Medeiros.


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