sexta-feira, 24 de maio de 2013

Defesa (?)


Foi num dia de chuva. Sei que o dia de chuva me anunciou.
E esse dia que me presenteia com a chuva que tanto gosto também é o que me desperta e faz de mim mesma o meu algoz.
É esse dia que anuncia o fim de mais uma etapa. Mais uma submissão às normas sociais de uma sociedade que se alimenta de orgulho e vaidade.
Estou diante da plateia. Ontem chorei. E bebi e chorei. Lembro-me disso diante da plateia.
Agradeço a presença de todos. Imagino a presença psicológica dos ausentes. Mas são os presentes que me olham, impacientes.
Descarrego tudo o que chamam pesquisa e projeto e tantos outros nomes intelectuais diante de pessoas que são, além da ciência, sonhos e anseios de felicidade.
E depois ouço comentários dessas mesmas pessoas, suas experiências sobre a técnica, enquanto os espíritos de todos os ouvintes, sem exceção, flanam sobre o que será o seu almoço ou a que horas devem chegar em seus empregos.
Gosto de olhar seus rostos enquanto desatentos, é disso que gosto. Imagino seus pensamentos.
A chuva que me anunciou persiste e me felicita, me compreende.

É o fim. É o começo. O fim já havia faz tempo.
Esse título não mereço. Quero ser mestre de meus desejos e só.
O que estou a defender, ali?

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