quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Me diga quem tu lês e eu te escrevo por linhas tortas





A impossibilidade de dominar a sensatez diante do absurdo ao qual o homem nasce inserido, fez dele um exímio fazedor de afogamentos espaço/temporais (o que alguns podem chamar de criação). A arte parece ser a fissura pela qual se arrasta a vida, a fim de forçar a passagem, rasga-se a pele, deixa-se em carne viva e se produz violentamente "algo" novo (o quê ainda não se sabe, e ainda estar por vir). Um olhar.?

Pausa para o delírio... Ao relacionar sinestesicamente escrita à cores, surge imagens mentais suscitadas pelas mãos de um espectador emancipado: As imagens mentais de Vitor Hugo em seus Random Shots é performance escrita. (Ins)piração!!!



As palavras ganham novos sentidos e os disparos atemporais viajam incertos e desmedidos, em direções aleatórias. Nos encontram certeiramente, desestabilizando friamente cada frágil certeza que poderíamos ter tido algum dia. Cada palavra é descuidada e (des)proposital, o que traz aos textos-performance uma autoralidade inconfundível, engatilhadas na ficção. No devaneio, na loucura. 
Um tédio caótico, alguns filósofos, uns copos, uns corpos, uma mente barulhenta. Vida. Um blog como válvula de escape. O fenômeno dos textos de internet cresce assustadoramente, assim como os fotoartistas e os críticos, que aqui vos fala... todos são escritores, poetas visionários, disparadores de circunstância, enquadradores de moral, reprodutores passivos. Mas só os loucos não temem disparar aleatoriamente aos falsos pudores, regras da abnt e gramáticas do segundo grau. Assim como na arte, na academia, nos corpos nus e nos copos de conhaque.
Sem noção, sem cultura, sem lei, sem ordem, sem mais, nem menos, expressa com precisão nas poucas linhas imaginárias da pauta virtual que estamos diante do absurdo. Cômico e melancólico, ao mesmo tempo, não me pergunte como. 
Um performer da escrita, encena e finaliza seu ato sem que ao menos as luzes tenham sido acesas e as cortinas abertas. Ele dispara palavras com sabor amargo (das angustias mais profundas), destila o mais puro e doce veneno, contorce os sentidos, transfigura verdades, inventa associações entre ímpares, desenvolve sentimentos inexplorados, obscenos e invariavelmente destemidos: ama e odeia com a mesma força. Desconforta, abusa, envolve. A palavra nos "randomshots" é ilógica; disposta em contextos cotidianos ela perverte a coerência, deforma versos, ricocheteia poesia. Numa simplicidade friamente sensível, Vitor Hugo te come o rabo e te beija a testa. Tudo ao mesmo tempo. Não me pergunte como. 
Goze.



link do blog: Random Shots

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